Hanoi é uma cidade em transformação. Sua mutação e desenvolvimento acelerado são visíveis a cada esquina, mas, ao mesmo tempo, o que me levou a fotografá-la foi justamente o desejo de capturar a essência do hoje, o momento fugaz de um tempo que, em alguns anos, será irremediavelmente diferente. Hanoi é uma cidade onde a modernidade e a tradição se encontram de maneira desconcertante, e sua paisagem urbana já carrega grandes sinais de avanço industrial, de um progresso que se insere na arquitetura, nas ruas, no ritmo da vida cotidiana.

No entanto, essa modernidade não elimina a desigualdade. Ela convive lado a lado com uma grande disparidade entre os bairros, entre as pessoas, nos mercados, na comida. A cidade apresenta uma divisão clara, mas que não é separada por muros ou fronteiras físicas. Ela se mistura literalmente nas pessoas, nos espaços, nas formas de vida, e é isso que me fascinou.

Passei pelo Templo da Literatura, um lugar de profunda história e cultura, e ali pude sentir o peso de um passado que se encontra com o presente de uma forma sutil. Mas, ao caminhar pelas ruas, percebi o caos organizado do trânsito, as motos que se movem de forma fluida, mas também desordenada, um reflexo da própria complexidade da cidade. As ruas de Hanoi são como suas pessoas: caóticas, porém resilientes, sempre em movimento.

Fui até a Baía de Halong, um local de beleza bucólica e paisagens únicas, com suas ilhas de calcário e cavernas que parecem saídas de lendas antigas. As águas calmas e as formações rochosas me trouxeram um contraste com o ritmo frenético da cidade, uma lembrança da imensidão da natureza, que permanece, apesar de tudo, intocada pelo tempo.

Minha fotografia em Hanoi não é uma captura do óbvio, mas um esforço para registrar o espírito de uma cidade que está em pleno movimento, em plena mutação. Eu fotografei o que está no meio dessa transição, entre o antigo e o novo, entre a beleza e a luta, entre o progresso e as dificuldades. Hanoi é uma cidade de contrastes, e minha missão foi, como sempre, capturar sua alma, como ela é, agora, antes que a mudança seja irreversível.

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