Essas imagens mostram recortes do meu cotidiano, capturadas com câmeras point and shoot digitais. As câmeras, com suas limitações intrínsecas, trouxeram para mim uma nova forma de ver o mundo, uma nova estética, uma nova linguagem. Elas me proporcionaram uma experiência diferente, quase como um retorno às minhas origens, ao desejo puro de fotografar o banal, o dia a dia, sem pressa, sem compromisso com o resultado, mas com um compromisso com a observação.

O que a limitação dessas câmeras trouxe foi um olhar mais atento ao instante, à espontaneidade, ao que está à margem, ao que normalmente se perde no turbilhão da vida cotidiana. A facilidade de uso, a portabilidade, a ausência de controles complexos e a simplicidade em sua operação transformaram cada clique em algo genuíno. E foi exatamente isso que me despertou algo novo, um desejo antigo de capturar tudo ao meu redor, como no início da minha trajetória, quando a fotografia era apenas uma forma de explorar o mundo com os olhos e com a alma.

A falta de recursos tecnológicos mais avançados das câmeras atuais, se traduz em uma liberdade criativa, onde o olhar se torna mais essencial do que qualquer equipamento sofisticado. E, paradoxalmente, essa ausência de recursos é o que torna as fotos tão valiosas, pois elas não dependem de artifícios externos para transmitir a verdade do que está sendo retratado. Elas são, de alguma forma, mais próximas da essência do que realmente importa: o olhar atento, o gesto, o movimento efêmero da vida cotidiana.

Anterior
Anterior

New York

Próximo
Próximo

Austin - TX • Point and Shoot